Vício (do latim "vitium", que significa "falha ou defeito" [1]) é um hábito repetitivo que degenera ou causa algum prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem. O termo também é utilizado de forma amena, muitas vezes deixando um índice de sua acepção completa. Por exemplo, viciado em chocolate.
Seu oposto é a virtude.
A acepção contemporânea está relacionada a uma sucessão de denominações que se alteraram históricamente e que culmina com uma relação entre o Estado, a individualidade, a ética e a moral, nas formas convencionadas atualmente. Além disso, está fortemente relacionada a interpretações religiosas, sempre denotando algo negativo, inadequado, socialmente reprimível, abusivo e vergonhoso. Porém, em termos genéricos, é interessante a abordagem de Margaret Mead:
“A virtude é quando se tem a dor seguida do prazer; o vício, é quando se tem o prazer seguido da dor”
Faltando porém, um detalhe: os períodos onde a dor e o prazer se inserem variam, sendo que o segundo é sempre mais longo e permanente que o primeiro, em ambos os casos. Daí a relação que se cria também com o trabalho, como processo doloroso que gera prazer posterior permanente, e que portanto, eleva(m) o homem, através do orgulho e da vitória. Fatalmente, o vício relaciona-se também com a perda, a derrota, e portanto, a queda, fechando um ciclo conceitual que interliga o social, o biológico, o religioso e a ética-moral laica.
Vício e ciência
A ciência tenta explicar em todas as suas vertentes a origem do vício, mas filosoficamente isto é contraditório, já que o conceito de ciência não prescinde de moral ou ética, ao menos no sentido social, em sua prática investigatória, e portanto, tal conceito não pode ser quantificado ou isolado para análise imparcial.
Por outro lado, em se tratando de dependência, seja ela de ordem orgânica, psico-social ou mista, há grandes possibilidades de se encontrar medicamentos definitivos e de maior qualidade, que eliminem o vício em suas diversas formas.
Vício e ética
Muitas pesquisas encontram uma relação direta entre prazer (imediato) e dependência, e o poder de atração para um novo ciclo de prazer-depressão, característico de todas as formas de vício. Dessa forma, a despeito de a configuração deste comportamento ser explicada biologicamente, sua avaliação social é paralela aos conceitos de mau, incorreto, indecente, anti-natural, arriscado, doentio, perigoso, fatal, evidenciando que a construção histórica do conceito aponta sua prática indiscriminada em direção à morte ou grave degradação biológica do indivíduo viciado, ou seja, vício é um conceito composto e indissociável, formado por diversas acepções que se sobrepõem nos campos medicinais ou biológicos, históricos, políticos, antropológicos, econômicos, psicológicos e psicanalíticos, religiosos, éticos e morais e além disso, é um conceito contemporâneo (da forma como o conhecemos) que não existia há algumas décadas, e não pode ser isolado como processo biológico, evidenciando-se a primazia não da química, mas de todo um complexo real e imaginário em torno da individualidade.
Workaholic
Apesar da acepção do vício estar frequentemente associada como antagônica ao trabalho, a expressão workaholic traz à tona a evidência de que não se trata de, como a expressão é com frequência utilizada, fuga da responsabilidade ou vagabundagem, mas antes a repetição de uma estrutura psicológica.
Psicologia comportamental e o vício
Para a psicologia comportamental o vício é resultado de uma construção orgânica, desencadeada pelo reforço de uma relação entre estímulo e prazer químico, ou ainda, é uma questão puramente biológica, em detrimento da abordagem simbólico-linguística que a psicanálise Lacaniana enuncia. As pesquisas dessa linha de conhecimento fornecem dados a partir de experimentos com animais menos desenvolvidos psicologicamente que o homem como ratos, gatos e cachorros e outros animais, que não possuem realidade social, individualidade ou auto-consciência, como ocorre nos
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